terça-feira, 29 de junho de 2010

Sleep tight


O sono envolve meu corpo
Em uma cúpula de calor.
Fadiga personifica-se em um elfo bom,
tranquilo, sussurrando em meu ouvido:
-Dencansa, pois já fizeste o que podias.
Me contento, aceito
Pois estou exausta


Ah, como sentia falta do sono!
Dos sonhos
Do bem estar indescritível
De deitar-me relaxada, descompromissada
Abandonando sem culpa
A realidade transeunte e antropófaga

sábado, 26 de junho de 2010

Desafio de Virgínia

Buscando, furtiva, uma distração da minha realidade tediosa
Beleza diferencial, exótica e rara.
Traços caprichados, simétricos,
Conteúdo, conversas estimulantes num tom unissonoro.
Exigência.
Ah, irônica condição de esperar mais do que posso obter.
Estimulo para o ego.

Incrível é encontrar tantas ninfas
Em algumas olhadelas
E, com a sutileza de um felino, seduzir,
Virar raposa

Ah, mulheres de vênus, dotadas de graça
Fazem meus membros formigarem
Anseando por um encontro de pernas.
Implorando pela textura das costas desnudas,
Cetim de aroma entorpecente
Explorando os pontos de êxtase profundo
Envolta em pura volúpia e impeto
Devoro a pêra
Sinapses a mil

domingo, 20 de junho de 2010

Fim de ato


Como em um desfecho de ato mal interpretado
Saio de sua realidade pela porta dos fundos
Bem como em minhas últimas dramatizações.
Todas falhas,
Repletas de zeugmas e frases subentendidas

Afinal, não tivemos nada além do contrato, não é?
Tudo aquilo que supostamente criamos
Foi um ensaio teatral êmbrio ao qual me expus.
Sofri com maior intensidade, é verdade.
Mas quem é você para me condenar?

Contigo deixo alguns livros
E não pago a minha dívida.
Sou covarde, mas reconheço minhas falhas.

Talvez, um dia, quando a estação mudar
Eu esmoreça mais uma vez
E tornemos a nos encontrar
Mas por favor, não me tente, por favor!
Minha alma ainda se encontra fraca de certezas

domingo, 13 de junho de 2010

Dimensão

E se eu tracejar em meu próprio rosto
Linhas bruscas de nanquim
Como um tigre
E rujice,

Se eu fingir, representar,
Assumir outras almas
Dizer o que me vier à cabeça



Passar fome, deixar de cumprir
A promessa que fiz de estudar incansavelmente
Se eu extrapolar minha imaginação como nunca antes

Se para que me escutem
Eu tiver que gritar, chorar, fazer drama
Exibir tudo numa mais pura demonstração de honestidade

Quem é você para me conter?
Quem é você para me julgar?
Mostro meu rosto como prova de juramento.

Quem é a sociedade para julgar?

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sweet soul revue

Gostaria de não gostar tanto de você.

De não estar dividida entre o explícito e o recatado
Mas toda vez que nos encontramos
Contenho minha personalidade de Cazuza;
exagerada e dramática.

Não libero a fera aliviante das emoções .
Mantenho- na à base de calmantes.
Piso em ovos, fico ansiosa
Para não assustar-te com meus excessos

Mas o ciclo vicioso é inevitável!
Sempre!
Como se estendesse um sentimento de otimismo
Durante os próximos sete dias da semana.

Você me faz sonhar melhor, me faz respirar melhor
Eu gostaria de não gostar tanto de você
Ou melhor, eu gostaria de poder dizer
A frase que você evita.

- e complicar sua vida novamente com a minha devoção.

Kitsch

toda-se os padrões desta sociedade abortada fabricante de rótulos e modelos à serem seguidos. Beleza, moda, cultura, emprego, tudo é enquadrado. Chega! Cansei disso!
Dessas convenções a que mais me trouxe infelicidade nos últimos anos e admito até hoje não ter me sanado é estes que criticam o corpo com alguns excessos. Gorda é infeliz, abandonada, come e come e ninguém vai gostar de você. Em um ano fui de 56kg à 43kg à custa de muita felicidade e sanidade e me ponho a imaginar casos mais extremos que este. Estudei feito viciada para ocupar a fome e me distanciei das pessoas que julgava e ainda acredito serem meus amigos sem obter resultados. Criei para mim mesma um drama infernal beirando a esquizofrenia, sempre apelando para o exagero, que é uma marca minha. Agora me submeto à esse descarrego verborrágico para formular a seguinte questão: quantas pessoas ainda se sentiram mal por não se encaixarem? Quanta ainda irão sacrificar sua própria felicidade em nome desses dogmas? Isso é uma declaração pessoal de independência. Hora de desfazer as amarras e tomar uma posição contra aquilo que creio ser errado e falar o que penso.