A coisa mais complicada de alguém explicar é a existencia de um efeito uniforme na sensação da marijuana. Simplesmente não existe. Eu, por exemplo, oscilo completamente nas minhas ações e pensamentos. Fico mais eloquente, mais segura de mim mesma. Lembro coisas com maior facilidade. Me torno praticamente uma oradora. Mas isso me leva a um ponto gritante: por que algo que provoca tais efeitos positivos em uma pessoas é ilícita?
Me contradigo; é dificilimo dizer os efeitos de uma droga desse grau, justamente por variarem de pessoa em pessoa. Mas tal propaganda contra a droga talvez seja fruto dessa falsa intenção que os meios de comunicação passam, dizendo que a sociedade que ver seus participantes bem de qualquer forma. Claro que sim! Para cada vez mais extorqui-la e fazê-la morrer trabalhando, produzindo. Juntando capital, segundo Calvino. Um ciclo incessável e sem descanso. No populacho, uma merda mesmo! A pessoa precisa relaxar e sentir-se bem, para amenizar essa pressão imposta pela realidade. Meu bem, da minha saúde mental e minha sanidade cuido eu. Meu prazer é poder fazer as coisas, executá-las, da maneira mais segura e confiante que existe. Sem empecílios ou barreiras que imponho sobre mim mesma. Aí é onde a erva aje! Ela limpa essas barreiras.
Além dos fatores já citados, a(o) baura/verdinha/tapa/chimas/chapa/charuto/ganja/breu/beck/cone/fumo/bagulho/vela me deixa num estágio de sensibilidade quase paranormal. Conclusões tiro do momento, da ocasião. A verdade parece que veio para eu profetilá-la, mas que guardo para mim e meus heterônimos compartilharem e discorrerem. É genial. Por isso eu me torno muito calada, e concentrada. Meu melhor "teto" são minhas profecias não proferidas na palavra. Me sinto uma Superheroína, com poder de ler mentes e sentir os sentimentos dos outros na situação. A Supersensível (isto soou tão gay).
Mas ainda assim permaneço firmando a ideia de que oscilo. Sim senhor! Já fiquei muito sensível, mas para sensações ruins como frio, e solidão profunda. Claro, esses sentimentos são tão constantes, que a droga, quando aje de uma forma contrária, aje como catalisador; aumenta a velocidade e intensidade da reação. Ela fortifica e engrandece minhas dores de alma, tornando-as até físicas. Me torno fechada, mas desta vez para focar-me em mim mesma e minhas quimeras intermináveis.
Mesmo assim, com esses extremos emocionais, eu defendo piamente a ideia que marijuana deveria ser utilizada como outras drogas. Daquelas que psiquiatras deveriam fazer uma gravação, para evitar repetição oral. Lítio, Carbamazepina... Grande merda! Quem nunca teve depressão não deveria tentar dizer e disdizer o que faz bem ou faz mal. O que deveria ser feito ou não. Não deveria nem palpitar, para início de conversa! Me deixa profundamente irritada psicólogas com cara de inocente, com a argumento de "fiz psicologia pois me interessava pela ciência dos sentimentos do ser". Ba-léeeeeeeeeeeeehéhéhéhé-la! A pessoa deve ter tido pelo menos uma experiência desagradável e que acarrestasse uma série de nóias. Essas, supostamente, deveriam "inspirar" na hora de escolha da carreira. Se um dia eu virar psiquiatra e viver na Holanda, garanto que meus tratamentos serão bem mais eficiente do que esse coquetel de comprimidos e livros e auto-ajuda.
São momentos raros como esse em que estou no auge da minha torrencialidade verborrágica. Que falo o que me dá na telha. Puxa, é tão óbvio meu estado. Por isso, deixou um apelo: quer saber como é a sensação? Experimenta! Sem medo dos discursos anti-a-coisa-toda, do tipo "Você está incentivando o tráfico!" ou "Você vai se tornar um viciado sem futuro (que é predicativo do objeto indeireto)!". Quem incentiva é quem não permite que seu consumo seja legalizado. Quanto mais barbárie, mas comida na mesa do compatriota superior. Vício é questão de força de alma. Trata-se, claro, mas a força de vontade deve ser abre-alas.
Continuando, cuidado ao experimentar! Pois a sociedade possui suas regras antiquadas, que te perseguem como gazelas na Tanzânia. Talvez equívoco? Estou completamente sóbria.