quarta-feira, 23 de setembro de 2009

sábado, 19 de setembro de 2009

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Não aguento mais a depressão sorrateira. Sempre na espreita. Imortal, invencível, cíclica. Vai, mas está sempre presente. Seu grito agudo corrompe qualquer ação que sinonize prazer. É dramaticamente ridícula. Pensar sobre os erros passados. Divagar e divagar sobre a distância do fundo do posso, para subitamente ser levado por emoções passageiras, posteriormente voltando ao mesmo estado de espírito. Por que não vai embora, se eu quero que vá? Se, segundo a psicologia, a necessidade de nos reciclarmos faz com que tomemos atitudes definitivas, o que é que está acontecendo que o efeito não está surtindo? Onde está minha mente? Onde eu estou? Aonde estou indo sozinha? Ninguém consegue me convencer dizendo que está comigo. Não consigo rumar e decidir. Pessimismo dói!
Amanhã, se houver Sol, estarei pensando diferente.
Eu e minha personalidade incontrolável.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Malícia

Hoje de manhã, durante a façanha diária que tem sido alcançar a parada de ônibus com chuva, aconteceu algo um tanto epífano. Tenho o hábito de me deixar levar muito por uma música ou leitura. Divago tão longe na minha mente, que a volta para a realidade se torna um árduo processo. Entretanto, ouvir uma música e cantá-la me ajuda a levantar o astral às sete horas da manhã. A avenida Juca Batista dispõem uma ilha de pedestre. Ao alcançar o meio-fio da ilha, distraída, resvalei. Se um carro estivesse próximo, teria me atropelado. Acho que foi um milagre, pois como já disse a Juca Batista é impossível de manhã.
Mas o ponto que quero chegar é completamente diferente. Se eu tivesse presenciando a cena do meu pas-de-deux no meio-fio, teria morrido de tanto rir. Quem viu aquilo, as pessoas que estavam na parada, esperando seus respectivos ônibus, ficaram com cara de abortados! Pelo amor de Deus! Eu rio um riso tão natural e prazeiroso quando as pessoas caem, e admito isso botando em risco meu lugar no céu. Quando eu caio, se não quebro algum membro do corpo, saio rindo de mim mesma. Você não se sente bem por superar algo ou alguém? Está na base das relações da sociedade. Então! É a mesma coisa. É por favor, nunca venham me dizer que é sadismo ou falta de educação, pois é engraçado, e se chama "Humor negro". Se fosse algo irrelevante, não teria uma nomenclatura, como diria meu professor de Jazz. Entretanto, é preciso que haja o limite do bom-senso. Quando se transpassa esse limite o Humor Negro vira sadismo. Um pouco de malícia todos os dias não faz mal a ninguém.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

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"...o fardo mais pesado esmaga‑nos, verga‑nos, comprime‑nos contra o solo. Mas, na poesia amorosa de todos os séculos, a mulher sempre desejou receber o fardo do corpo masculino. Portanto, o fardo mais pesado é também, ao mesmo tempo, a imagem do momento mais intenso de realização de uma vida. Quanto mais pesado

for o fardo, mais próxima da terra se encontra a nossa vida e mais real e verdadeira é.

Em contrapartida, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, fá‑lo voar, afastar‑se da terra, do ser terrestre, torna‑o semi‑real e os seus movimentos tão livres quanto insignificantes.

Que escolher, então? O peso ou a leveza?"


Trecho de "A insustentável leveza do ser", de Milan Kundera.